Sabia o mar de cor. Sabia cada pedra e concha e estrela do mar. Sabia as marés. Sabia as luas. Sabia o som da onda que quebra na areia e que não se repete. Tinha crescido a aprender o mar. Tinha crescido com ele ali à sua frente. Eterno. Presença constante que dá força nas manhãs duras, que afasta a solidão nas noites escuras. Tinha aprendido a olhar o mar. A olhar e ver o mar. E senti-lo. Senti-lo na alma como se fosse parte de si, como se aquelas ondas fossem o rodopio de si mesma. Tinha aprendido que o mundo todo ganha a sua verdadeira dimensão no silêncio que se ouve dentro de àgua. Que a paz é mais paz quando o mar nos abraça. E tinha aprendido o pôr-do-sol... esse momento magnifico em que os nossos sentidos se reduzem apenas ao da visão. O Momento que não tem som, nem cheiro, nem sabor, nem tacto...apenas se vê. O Momento que nos lembra que tudo tem um fim, que nos relembra que depois de um fim há sempre um principio, e que nos assegura que todo o fim pode ser infinitamente belo...
Tinha momentos à beira-mar gravados na alma. Tinha o som do mar na noite guardado em si. Tinha memórias de uma praia perfeita. Em que a felicidade era ali. A sua praia. Com o seu céu infinitamente azul. Com o seu mar, sempre revolto, sempre forte. Com o seu pôr-do-sol, sempre perfeito...
Esteve longe desse mar. A vida assim o quis. Acreditou que o mar viveria dentro dela. Acreditou que poderia ver um pôr-do-sol sempre que quisesse. Bastava fechar os olhos e recordar. Mas mais uma vez a vida ensinou-lhe diferente. Ensinou-lhe que as memórias só são suficientes para nos lembrar o quanto necessitamos de algo. Que as saudades só servem para nos fazer querer o reencontro. Que o mar não é eterno, não está sempre em nós. Está quando estamos naquela praia. Está quando o abraçamos. Está quando o ouvimos, e vemos e sentimos e somos.
Reencontrei o mar estes dias. E fui feliz.
Revejo-me nas tuas palavras. Adoro ler o que escreves e sentir o que sentes.
ResponderEliminarSabes do que me lembro muito e não tenho palavras para escrever? (talvez tu te lembres e tenhas). Dos pinhões que apanhavamos no fundo da piscina e que comiamos misturados com aquele sabor de cloro e água doce. Das pinhas que caiam na relva. Da relva. Das corridas à volta dos jardins. Do Abanico. Das noites quentes e estreladas. Do sol. Das nossas conversas e promessas. De ti.
...memórias perfeitas. Prometo que um dia arranjo palavras para tornar eternos estes momentos que já o são. "Infância Perfeita" será o titulo.
ResponderEliminar"Mar, Metade da minha alma é feita de maresia" Sophia de Mello Breyner Andersen
ResponderEliminarConheço-te desde, provavelmente, o dia em que nasceste... Longe ou perto, sinto sempre a tua falta, a necessidade de te ter perto de mim... É a primeira vez que escrevo aqui, talvez por não me conseguir exprimir com palavras bonitas como tu fazes, ou por não saber por onde começar... Mas decidi-me hoje, quase na tua volta... Estiveste e estás comigo nos momentos mais felizes, mais dolorosos e confesso, não sei se estive à tua altura durante esta batalha que travaste do outro lado do oceano... Queria ter estado mais presente, queria ter partilhado todas as dúvidas, todas as experiências, todos os sorrisos e todas as lágrimas, desculpa :-( mas tu fizeste-me companhia em tantas noites, tardes... Tantas vezes dei por mim a falar contigo em pensamento e tantas vezes partilhei contigo tudo, tudo, tudo... És linda, és especial, és única, decerto não seria a mesma pessoa se tu não existisses na minha vida, obrigada por fazeres parte daqueles que habitam o meu coração :-)És e serás sempre a minha Rosarinho, obrigada por tudo...
ResponderEliminarTua Didi...